Foto: Agência EFE
A enxurrada de escândalos envolvendo a espionagem do governo
norte-americano à comunicação mundial respingou na América Latina. Denunciado
por Edward Snowden em junho, a rede de espionagem atuou fortemente em vários
países latino-americanos, conforme o Jornal O Globo relata em reportagens desde
o último domingo. O jornal O Globo, com ajuda do repórter Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, teve acesso a documentos das Agências Nacionais de
Segurança e Inteligência dos Estados Unidos. Brasil e Colômbia tiveram sua rede
de comunicação devassada pela inteligência dos Estados Unidos. Com propósitos
específicos, México, Equador e Venezuela também foram alvos de programas de rastreamento
de dados dos americanos.
No México as questões energéticas e informações sobre o
narcotráfico na fronteira com os Estados Unidos foram os temas mais
monitorados. Na Venezuela, a aquisição de armamento militar por parte do
governo venezuelano e a concorrência petrolífera foram os principais alvos da
NSA (Agência de Segurança Nacional). Mas Brasil e Colômbia foram os dois países
da América Latina mais monitorados por técnicos da NSA e da CIA (Agência Central de
Inteligência) e satélites norte americanos. Na Colômbia foram rastreadas a
comunicação entre o consulado dos EUA no país e autoridades colombianas, numa
ação conjunta dos governos de Bogotá e Washington para seguir os passos das
Farcs. A ação da rede na Colômbia tem um facilitador decisivo: uma cooperação
bilateral entre colombianos e norte-americanos na área de inteligência, onde os
EUA mantiveram um escritório da NSA/CIA.
A Ação no Brasil
O caso do Brasil, bem mais complexo, a rede de espionagem
agia de diversas maneiras e com vários propósitos. As áreas comercial, política,
militar, energética e de inteligência eram constantes alvos dos técnicos norte-americanos.
Agentes da CIA estavam infiltrados, como diplomatas, nas embaixadas e
consulados dos EUA na América Latina, especialmente no Brasil. E outros agentes se encontram no país como turistas em trânsito. Os Estados
Unidos também usavam empresas privadas suas, sediadas em território brasileiro,
para buscar informações comerciais e tirar proveito na concorrência
internacional. Conversas telefônicas e via email entre as autoridades
brasileiras e diplomatas de vários países, principalmente os antiamericanos, foram
monitoradas em busca de dados pudessem levar a possíveis fontes de perigo à
segurança nacional dos EUA. Programas criados pela inteligência pública e
privada dos Estados Unidos, são capazes de monitorar qualquer pessoa pelo
idioma falado nos e-mails, redes sociais e mensagens instantâneas.
Outros países da América Latina que foram espionados em
menor escala foram Argentina, Peru, Chile, Paraguai, Honduras, El Salvador,
entre outros. Uma reunião de emergência foi convocada pela presidente Dilma
Rousseff na tarde desta terça feira e nela se estabeleceu um grupo de trabalho
para investigar a espionagem norte-americana na comunicação nacional.
Indignada, a presidente condenou a interferência na soberania brasileira e
disse que vai levar o caso a Comissão de Direitos Humanos da ONU, por "se tratar de violação da liberdade de expressão", segundo Dilma.








