terça-feira, 9 de julho de 2013

Brasil foi alvo da espionagem americana

Foto: Agência EFE

A enxurrada de escândalos envolvendo a espionagem do governo norte-americano à comunicação mundial respingou na América Latina. Denunciado por Edward Snowden em junho, a rede de espionagem atuou fortemente em vários países latino-americanos, conforme o Jornal O Globo relata em reportagens desde o último domingo. O jornal O Globo, com ajuda do repórter Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, teve acesso a documentos das Agências Nacionais de Segurança e Inteligência dos Estados Unidos. Brasil e Colômbia tiveram sua rede de comunicação devassada pela inteligência dos Estados Unidos. Com propósitos específicos, México, Equador e Venezuela também foram alvos de programas de rastreamento de dados dos americanos.

No México as questões energéticas e informações sobre o narcotráfico na fronteira com os Estados Unidos foram os temas mais monitorados. Na Venezuela, a aquisição de armamento militar por parte do governo venezuelano e a concorrência petrolífera foram os principais alvos da NSA (Agência de Segurança Nacional). Mas Brasil e Colômbia foram os dois países da América Latina mais monitorados por técnicos da NSA e da CIA (Agência Central de Inteligência) e satélites norte americanos. Na Colômbia foram rastreadas a comunicação entre o consulado dos EUA no país e autoridades colombianas, numa ação conjunta dos governos de Bogotá e Washington para seguir os passos das Farcs. A ação da rede na Colômbia tem um facilitador decisivo: uma cooperação bilateral entre colombianos e norte-americanos na área de inteligência, onde os EUA mantiveram um escritório da NSA/CIA.

A Ação no Brasil
O caso do Brasil, bem mais complexo, a rede de espionagem agia de diversas maneiras e com vários propósitos. As áreas comercial, política, militar, energética e de inteligência eram constantes alvos dos técnicos norte-americanos. Agentes da CIA estavam infiltrados, como diplomatas, nas embaixadas e consulados dos EUA na América Latina, especialmente no Brasil. E outros agentes se encontram no país como turistas em trânsito. Os Estados Unidos também usavam empresas privadas suas, sediadas em território brasileiro, para buscar informações comerciais e tirar proveito na concorrência internacional. Conversas telefônicas e via email entre as autoridades brasileiras e diplomatas de vários países, principalmente os antiamericanos, foram monitoradas em busca de dados pudessem levar a possíveis fontes de perigo à segurança nacional dos EUA. Programas criados pela inteligência pública e privada dos Estados Unidos, são capazes de monitorar qualquer pessoa pelo idioma falado nos e-mails, redes sociais e mensagens instantâneas.

Outros países da América Latina que foram espionados em menor escala foram Argentina, Peru, Chile, Paraguai, Honduras, El Salvador, entre outros. Uma reunião de emergência foi convocada pela presidente Dilma Rousseff na tarde desta terça feira e nela se estabeleceu um grupo de trabalho para investigar a espionagem norte-americana na comunicação nacional. Indignada, a presidente condenou a interferência na soberania brasileira e disse que vai levar o caso a Comissão de Direitos Humanos da ONU, por "se tratar de violação da liberdade de expressão", segundo Dilma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário